As adversidades ministeriais de Jeremias
Jeremias foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento, que viveu em um período de grande crise política, social e espiritual em Judá. Ele foi chamado por Deus para anunciar o juízo divino sobre o seu povo rebelde e infiel, que havia se desviado dos caminhos do Senhor e se entregado à idolatria e à injustiça. Jeremias enfrentou muitas adversidades em seu ministério, que podem servir de exemplo e inspiração para nós hoje. Neste artigo, vamos ver algumas dessas dificuldades e como Jeremias as superou com fé, coragem e perseverança.
Quem foi Jeremias?
Jeremias foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento, que viveu entre os séculos VII e VI a.C. Ele era filho de Hilquias, um sacerdote da tribo de Benjamim, e nasceu na cidade de Anatote, próxima a Jerusalém. Ele recebeu o chamado de Deus para ser profeta quando ainda era jovem, por volta dos 20 anos de idade. Veja o que Deus disse a ele:
“Antes de formá-lo no ventre eu o escolhi; antes de você nascer, eu o separei e o designei profeta às nações”. (Jeremias 1:5)
O ministério de Jeremias durou cerca de 40 anos, durante os quais ele profetizou aos reis e ao povo de Judá, alertando-os sobre o juízo de Deus que viria sobre eles por causa da sua desobediência e idolatria. Ele também anunciou a esperança da restauração futura, quando Deus faria uma nova aliança com seu povo e lhes daria um coração novo. Ele escreveu dois livros da Bíblia: o livro de Jeremias, que contém as suas profecias, e o livro de Lamentações, que expressa a sua dor pela destruição de Jerusalém.
1. A oposição dos líderes religiosos
Jeremias começou seu ministério no ano 13 do reinado de Josias, o último rei bom de Judá, que promoveu uma reforma religiosa no país (Jr 1:2). Josias restaurou o culto ao Senhor, destruiu os altares pagãos e celebrou a Páscoa com todo o povo (2 Rs 22-23). No entanto, após a sua morte, seus sucessores voltaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor, seguindo os maus exemplos de Manassés e Amom, seus avô e pai (2 Rs 21).
Jeremias foi enviado por Deus para confrontar os reis de Judá, os sacerdotes, os falsos profetas e o povo, denunciando os seus pecados e anunciando a vinda da ira de Deus sobre eles. Ele pregou contra a idolatria, a opressão dos pobres, a corrupção dos líderes e a falsa segurança que eles tinham no templo (Jr 7). Ele também profetizou que Deus enviaria os babilônios para destruir Jerusalém e levar o povo cativo por 70 anos (Jr 25).
A mensagem não bem recebida
Essa mensagem não foi bem recebida pelos líderes religiosos, que se sentiram ameaçados e ofendidos pelas palavras de Jeremias. Eles tentaram silenciá-lo de várias formas: o prenderam (Jr 20:1-6), o açoitaram (Jr 20:2), o acusaram de traição (Jr 26:8-11), o jogaram em uma cisterna (Jr 38:6) e até tentaram matá-lo (Jr 11:18-23). Eles também zombaram dele, chamando-o de “o profeta do terror” (Jr 20:10) e dizendo que ele estava mentindo em nome do Senhor (Jr 43:2).
Jeremias não se intimidou diante da oposição dos líderes religiosos. Ele continuou fiel à sua missão, mesmo sofrendo perseguição e rejeição. além disso ele sabia que Deus estava com ele e que ele tinha uma palavra poderosa em sua boca (Jr 1:8-10). Entretanto ele também sabia que os seus inimigos não prevaleceriam contra ele, pois Deus era o seu defensor e vingador (Jr 15:20-21). Mas ele confiou na soberania de Deus, que tinha um plano para o seu povo, mesmo diante do juízo iminente (Jr 29:10-14).
2. A solidão e o desânimo
Jeremias não só enfrentou a hostilidade dos líderes religiosos, mas também a indiferença e a incredulidade do povo. Ele pregou durante mais de 40 anos, mas não viu nenhum fruto ou arrependimento da parte de seus ouvintes. Pelo contrário, ele viu o povo endurecer cada vez mais o seu coração e se afastar de Deus. Ele viu a nação se deteriorar moralmente e espiritualmente, até chegar ao ponto de não ter mais remédio (Jr 15:1).
Jeremias também teve que viver uma vida solitária, sem poder desfrutar das alegrias normais da família e da sociedade. Deus lhe proibiu de se casar e ter filhos, pois eles seriam consumidos pelo juízo que viria sobre Judá (Jr 16:1-4). Ele também lhe proibiu de participar de festas e celebrações, pois elas seriam transformadas em luto e pranto (Jr 16:5-9). Ele teve que se isolar dos seus amigos e parentes, pois eles eram traidores e conspiradores contra ele (Jr 9:2-6; 12:6).
O peso da vocação profética
Jeremias sentiu na pele o peso da sua vocação profética, que lhe trouxe muita angústia e tristeza. Ele chegou a lamentar o dia do seu nascimento, desejando nunca ter nascido (Jr 20:14-18). Ainda assim ele também questionou a Deus sobre o seu sofrimento, reclamando da sua sorte e da sua demora em intervir (Jr 12:1-4; 15:15-18). Ademais ele até pensou em desistir do seu ministério, mas não conseguiu, pois a palavra de Deus era como um fogo em seu coração, que ele não podia conter (Jr 20:9).
Jeremias não se entregou à solidão e ao desânimo. Ele encontrou consolo e esperança na comunhão com Deus, que era o seu refúgio e fortaleza (Jr 16:19-21). Entretanto ele também encontrou alívio e restauração na oração, que era o seu canal de expressão e intercessão (Jr 14:7-9; 32:16-25). Logo depois ele reconheceu a sua fraqueza e dependência de Deus, que era a sua força e salvação (Jr 17:5-8). Por fim ele se apegou às promessas de Deus, que eram a sua fonte de fé e confiança (Jr 31:31-34; 33:14-16).
3. A compaixão pelo povo
Jeremias não foi um profeta insensível ou indiferente ao destino do seu povo. Ele não se alegrou com o juízo de Deus, mas chorou amargamente por ele. Entretanto ele foi chamado de “o profeta chorão”, pois as suas lágrimas eram constantes e abundantes (Jr 9:1; 13:17). Logo após ele sentiu uma profunda dor e compaixão pelo povo, que estava sofrendo as consequências do seu pecado e rebeldia. Então ele se identificou com o povo, tomando sobre si a sua culpa e vergonha (Jr 3:25; 14:20).
Jeremias também intercedeu pelo povo, pedindo a Deus que tivesse misericórdia e poupasse um remanescente fiel. Ele rogou a Deus que não os consumisse na sua ira, mas que os disciplinasse com medida (Jr 10:23-25). Além disso ele implorou a Deus que não os rejeitasse para sempre, mas que restaurasse a sua aliança com eles (Jr 14:19-22). Então ele suplicou a Deus que não os entregasse nas mãos dos seus inimigos, mas que os livrasse do mal (Jr 42:1-6).
Jeremias foi um profeta de compaixão, que amou o seu povo até o fim. Portanto ele não se conformou com a situação de decadência e destruição que ele viu. Apesar disso ele não se calou diante da injustiça e da opressão que ele presenciou. Ademais ele não se omitiu diante da necessidade e do sofrimento que ele sentiu. Portanto ele foi um profeta de esperança, que anunciou o amor de Deus, que é eterno e incondicional (Jr 31:3). Enfim, ele foi um profeta de graça, que proclamou o perdão de Deus, que é abundante e gratuito (Jr 33:8).
4. A fidelidade ao Senhor
Jeremias foi um profeta fiel ao Senhor, que cumpriu a sua vontade até o fim. Ele obedeceu à voz de Deus, que o chamou desde o ventre da sua mãe para ser um profeta das nações (Jr 1:4-5). Mais que isso; ele aceitou o desafio de Deus, que o capacitou para falar a sua palavra com autoridade e coragem (Jr 1:6-10). Então ele seguiu as ordens de Deus, que o instruiu a fazer várias ações simbólicas para ilustrar as suas mensagens (Jr 13; 18; 19; etc.).
Outras adversidades ministeriais de Jeremias
O ministério de Jeremias não foi fácil. Ele enfrentou muita oposição, perseguição e sofrimento por causa da sua fidelidade a Deus e à sua palavra. Veja outras das dificuldades que ele passou:
– Ele foi rejeitado pelo seu próprio povo, que não quis ouvir as suas mensagens. Eles o chamavam de traidor, mentiroso e pessimista. Eles até tentaram matá-lo várias vezes. (Jeremias 11:18-23; 26:8-11; 38:4-6)
– Ele foi preso, açoitado e colocado no tronco pelo sacerdote Pasur, que não gostou das suas profecias contra o templo. (Jeremias 20:1-6)
– Ele foi jogado num poço cheio de lama pelo oficial do rei Zedequias, que queria silenciá-lo. Ele só foi salvo pela intervenção de um etíope chamado Ebede-Meleque, que pediu ao rei que o tirasse dali. (Jeremias 38:7-13)
– Ele foi levado à força para o Egito pelos judeus que sobreviveram à invasão babilônica, que não quiseram obedecer à ordem de Deus de ficar na terra. Lá ele continuou a profetizar contra eles e contra o Egito, até que desapareceu da história. Não se sabe como ele morreu. (Jeremias 43:1-7; 44:1-30)
Apesar disso tudo, Jeremias não desistiu do seu chamado. Ele perseverou em anunciar a palavra de Deus, mesmo quando isso lhe custou caro. Entretanto ele também não perdeu a confiança em Deus, mesmo quando tudo parecia perdido. Ele sabia que Deus era fiel e que cumpriria as suas promessas.
A aplicação prática das lições de Jeremias
O que podemos aprender com a vida e o ministério de Jeremias? Muitas coisas! Aqui vão algumas delas:
– Devemos ser obedientes a Deus e à sua vontade, mesmo que isso nos traga problemas ou dificuldades. Deus sabe o que é melhor para nós e para o seu reino. Ele nos chama para sermos seus instrumentos e testemunhas no mundo.
– Devemos ser corajosos para falar a verdade em amor, mesmo que isso nos custe a popularidade ou a aceitação das pessoas. Deus nos dá a sua palavra para nos orientar e nos corrigir, mas também para iluminar e transformar os outros. Não devemos ter medo ou vergonha de proclamar o evangelho.
– Devemos ter esperança em Deus, mesmo que as circunstâncias sejam desfavoráveis ou desanimadoras. Deus é soberano e tem um plano para a nossa vida e para a história. Ele não nos abandona nem nos esquece. Ele nos ama e nos dá a sua graça.
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